Cigarro não é remédio, mas parece...
Atualizado: 26 de Out de 2020
“A virtude é quando se tem a dor seguida do prazer;
o vício, é quando se tem o prazer seguido da dor”. (Margaret Mead)

Cigarro parece remédio... parece, mas não é. Vou começar este artigo com uma analogia entre uma pessoa saudável que esquece como cozinhar e um cérebro saudável que esquece como produzir dopamina.
Imagine uma pessoa acostumada a cuidar de si mesmo, inclusive acostumada a cozinhar sua própria comida. Um dia, por qualquer motivo, resolve contratar uma cozinheira e passa a cozinhar menos, cada dia menos. Algum tempo depois, já não cozinha mais nada. As poucas vezes que decide ir à cozinha, quando decide ‘tentar’ cozinhar novamente, percebe que ‘perdeu o jeito’, ‘perdeu a mão’, já não lembra da maioria das receitas, machuca-se com as facas e com o fogo. Entende, então, que está dependente de alguém que cozinhe para ela.
Imagine agora um cérebro saudável que produz naturalmente neurotransmissores, como a dopamina, por exemplo, que atua no humor, na memória, na atenção e, principalmente, na sensação de conforto e bem estar. Mas, ao receber com frequência a nicotina, começa a ‘esquecer’ como produzir a dopamina sozinho, uma vez que a nicotina passa a fazer este papel. Com o tempo, o cérebro, antes saudável, transforma-se em um cérebro dependente da nicotina e, sem ela, faz com que o corpo sinta sensações muito desagradáveis como alterações de humor, taquicardia, falta de concentração, ansiedade e depressão, entre outras.

A pessoa imaginária descrita acima se esqueceu de como cozinhar quando outra passou a fazer isso por ela. Assim também, o cérebro se esqueceu do que fazer para produzir dopamina, e outros neurotransmissores, quando a nicotina passou a fazer isso por ele.
Evidente que esta explicação é bastante simplista, mas serve para explicar como se dá a dependência química. Quando deixa de ingerir a nicotina, geralmente através de cigarro, o fumante sente-se mal e precisa lidar com os sintomas da síndrome de abstinência. Então precisa do cigarro para acalmar esses sintomas e passa a acreditar que o cigarro é o seu remédio.
Para tolerar os desconfortos, o fumante usa a própria nicotina, que foi a responsável pela dependência, para voltar ao estado de bem estar. Instala-se, então, um círculo vicioso.
A nicotina passa a ser cada vez mais importante para o cérebro mas, ao mesmo tempo, causa males gravíssimos a todo o organismo.

Como enfrentar a abstinência da nicotina
Abaixo algumas sugestões, mas é importante saber que será necessário parar de fumar totalmente, não adianta apenas diminuir a quantidade de cigarros fumados. E é importante preparar-se para sentir alguns dias o desconforto que será causado pela falta de nicotina. Isso passa rápido e logo tudo ficará bem.
A vontade forte de fumar passará em, no máximo, 30 segundos
Todas as vezes que a vontade de fumar ficar muito forte, beba água, se possível gelada.
Respire com atenção. Preste atenção ao inspirar e expirar. Respire com atenção de 4 a 8 vezes seguidas.
Alimente-se com alimentos saudáveis e use e abuse de frutas e verduras.
Faça atividades físicas mesmo que sejam moderadas; o importante é mexer-se.
Faça coisas que lhe deem prazer como ler, assistir filmes, fazer artesanato etc.
E, claro, se tudo ficar muito, muito difícil, procure ajuda médica, psicológica, religiosa, grupos de apoio, procure o Livre! Sem Fumar, enfim, qualquer ajuda que possa tirar você do desconforto, mas esqueça o cigarro. Cigarro não é remédio, é veneno.
Por Vera Lúcia Poli. Co-criadora do Método Livre! Sem Fumar